Por culpa da minha profissão encontro muita gente e muitas situações de e da vida.
Por vezes divertidas de tão estúpidas, outras, trágicas, outras só assim:
A ideia social de que uma mulher assim que engravida é MÃE e não é por acaso que uso maiúsculas, é a essência da minha história de hoje.
É simples.
Já a vi milhares de vezes só que contada ao contrário:
Divórcio. Guarda da criança entregue à mãe. Pai paga a pensão de alimentos.
Até ao dia em que a mãe ( com o filho de três, quatro anos) decide que não. Não quer mais.
Pega na criança e "dá-a" ao pai.
Dá.
Oferece.
E sai de cena.
O pai não se fica.
Interpõe Acção de Regulação de Poder Paternal.
O Juiz (ou a Juiz, no caso, irrelevante) decide que a criança fica entregue ao pai.
Fim da história.
(Re) Começo de outra.
Fica a MÃE com os fins-de-semana alternados, um Natal sim outro não, Ano Novo idem, etc, etc... e pagamento de pensão de alimentos.
Decorre o tempo.
Incumprimento TOTAL do Acordo.
Nada de novo, a não ser pelo facto de ser a mãe a não o cumprir.
Dia de Audiência: desculpas de "gajo" da mãe.
Conversa de "gaja" do pai.
"Não tenho dinheiro para pagar"
"Não tenho tempo para namorar"
Tão curioso que não consegui deixar de pensar no assunto.
As pessoas são só pessoas.
Em casos de divórcio onde existam filhos à mistura sou sempre da mesma opinião: estou do lado delas para ficarem com a guarda das crianças!
MAS VAMOS PENSAR BEM:
É extraordinariamente penalizante para as mulheres terem de arcar com essa responsabilidade. Sozinhas.
Claro que esta posição me faz ter grandes discussões.
Com toda a gente: marido, colegas de profissão, amigos, amigas e cunhados.
Mesmo comigo própria não é pacifico.
Caso me divorciasse nem se põe a pergunta sobre qual de nós (eu ou o meu marido) ficaria com as miúdas: EU.
Porque todos achamos que as mulheres, se são mães, ficam com os filhos.
Se não querem, porque não questionamos se não podem, é porque "não são mães, não são nada".
E eis que me "aparece" aquele pai:
Trata do filho, leva-o à escola, faz-lhe a comida, lembra dos "parabéns" a dar à mãe no aniversário desta.
O consola de todas as coisas de que ele precisa de ser consolado e fica com ele todos os fins-de-semana.
Todos os Natais.
Todas as PASSAGENS DE ANO.
Todos os ANIVERSÁRIOS (da criança, dele, e da mãe).
TODO O TEMPO com a criança.
É a MÃE e está cansado.
Como tantas outras mulheres que já ouvi.
Está farto.
Não tem tempo para sair, para cuidar de si, para ir às compras....e, como faz tudo isso, não consegue ter tempo para trabalhar. Ganha menos do que aquilo que necessita para cuidar melhor do filho e não recebe ajudas da mãe, monetárias ou outras.
Já a mãe:
não aparece nos fins-de-semana,"não dá jeito", "não pode" .
Não telefona.
Não vai à escola, ao médico, não compra roupa, sapatos, comida. Não paga sequer a pensão de alimentos, não vá o pai gastar o dinheiro em tabaco!
Tão (a) típico!
Está MARAVILHOSA.
Tem namorado novo, roupas novas, penteado novo, maquilhagem nova...e carro novo.
Remorsos? sentimento de culpa? de perca?
Nada da parte daquela mulher.
Não estaria ela "talhada" para ser mãe? não desenvolveu qualquer relação com o a pessoa que carregou na barriga? o ódio que tem ao homem com quem casou toldou-lhe a razão, os sentimentos e até os "instintos"?
Ou sendo uma pessoa reagiu como pessoa, e não como homem ou mulher.
Porque, vamos ser honestos, os nossos filhos são lindos, perfeitos, incríveis, os mais inteligentes, os mais espertos e os mais bonitos de todos...mas que trabalheira que nos dão.
Que falta de privacidade que nos custam. E dinheiro. E tempo que nos roubam.
A questão do género nem se põe.
Quando toca à exaustão, ao nosso sentimento de injustiça, ou de solidão, homens ou mulheres reagimos da mesma forma.
E que dizer do nosso profundo egoísmo?
Infelizmente IGUAIS.
Por vezes divertidas de tão estúpidas, outras, trágicas, outras só assim:
A ideia social de que uma mulher assim que engravida é MÃE e não é por acaso que uso maiúsculas, é a essência da minha história de hoje.
É simples.
Já a vi milhares de vezes só que contada ao contrário:
Divórcio. Guarda da criança entregue à mãe. Pai paga a pensão de alimentos.
Até ao dia em que a mãe ( com o filho de três, quatro anos) decide que não. Não quer mais.
Pega na criança e "dá-a" ao pai.
Dá.
Oferece.
E sai de cena.
O pai não se fica.
Interpõe Acção de Regulação de Poder Paternal.
O Juiz (ou a Juiz, no caso, irrelevante) decide que a criança fica entregue ao pai.
Fim da história.
(Re) Começo de outra.
Fica a MÃE com os fins-de-semana alternados, um Natal sim outro não, Ano Novo idem, etc, etc... e pagamento de pensão de alimentos.
Decorre o tempo.
Incumprimento TOTAL do Acordo.
Nada de novo, a não ser pelo facto de ser a mãe a não o cumprir.
Dia de Audiência: desculpas de "gajo" da mãe.
Conversa de "gaja" do pai.
"Não tenho dinheiro para pagar"
"Não tenho tempo para namorar"
Tão curioso que não consegui deixar de pensar no assunto.
As pessoas são só pessoas.
Em casos de divórcio onde existam filhos à mistura sou sempre da mesma opinião: estou do lado delas para ficarem com a guarda das crianças!
MAS VAMOS PENSAR BEM:
É extraordinariamente penalizante para as mulheres terem de arcar com essa responsabilidade. Sozinhas.
Claro que esta posição me faz ter grandes discussões.
Com toda a gente: marido, colegas de profissão, amigos, amigas e cunhados.
Mesmo comigo própria não é pacifico.
Caso me divorciasse nem se põe a pergunta sobre qual de nós (eu ou o meu marido) ficaria com as miúdas: EU.
Porque todos achamos que as mulheres, se são mães, ficam com os filhos.
Se não querem, porque não questionamos se não podem, é porque "não são mães, não são nada".
E eis que me "aparece" aquele pai:
Trata do filho, leva-o à escola, faz-lhe a comida, lembra dos "parabéns" a dar à mãe no aniversário desta.
O consola de todas as coisas de que ele precisa de ser consolado e fica com ele todos os fins-de-semana.
Todos os Natais.
Todas as PASSAGENS DE ANO.
Todos os ANIVERSÁRIOS (da criança, dele, e da mãe).
TODO O TEMPO com a criança.
É a MÃE e está cansado.
Como tantas outras mulheres que já ouvi.
Está farto.
Não tem tempo para sair, para cuidar de si, para ir às compras....e, como faz tudo isso, não consegue ter tempo para trabalhar. Ganha menos do que aquilo que necessita para cuidar melhor do filho e não recebe ajudas da mãe, monetárias ou outras.
Já a mãe:
não aparece nos fins-de-semana,"não dá jeito", "não pode" .
Não telefona.
Não vai à escola, ao médico, não compra roupa, sapatos, comida. Não paga sequer a pensão de alimentos, não vá o pai gastar o dinheiro em tabaco!
Tão (a) típico!
Está MARAVILHOSA.
Tem namorado novo, roupas novas, penteado novo, maquilhagem nova...e carro novo.
Remorsos? sentimento de culpa? de perca?
Nada da parte daquela mulher.
Não estaria ela "talhada" para ser mãe? não desenvolveu qualquer relação com o a pessoa que carregou na barriga? o ódio que tem ao homem com quem casou toldou-lhe a razão, os sentimentos e até os "instintos"?
Ou sendo uma pessoa reagiu como pessoa, e não como homem ou mulher.
Porque, vamos ser honestos, os nossos filhos são lindos, perfeitos, incríveis, os mais inteligentes, os mais espertos e os mais bonitos de todos...mas que trabalheira que nos dão.
Que falta de privacidade que nos custam. E dinheiro. E tempo que nos roubam.
A questão do género nem se põe.
Quando toca à exaustão, ao nosso sentimento de injustiça, ou de solidão, homens ou mulheres reagimos da mesma forma.
E que dizer do nosso profundo egoísmo?
Infelizmente IGUAIS.
3 comentários:
Olá Paola.
Encontrei-a num comentário sobre a justiça no Brasil, no blog "para Francisco".
Infelizmente neste nosso Brasil varonil as coisas quase não andam. É como se ainda estivéssemos na época de D.Pedro.
Pelo seu comentário deduzo que as coisas em Portugal são diferentes no que diz respeito à paternidade.
Folgo em saber ,pois minha avó, na década de vinte dos anos 1900, fugiu de Portugal para o Brasil por ter engravidado sem ser casada. Achou melhor ter uma filha sem pai aqui, onde ninguém a conhecia, que sofrer essa vergonha em terras lusas. Minha querida mãezinha, que até hoje vive na fortaleza de seus 83 anos, nunca soube se realmente em Portugal uma criança ficaria sem o nome do pai, se nascida fora do casamento. Você conseguiria me informar para que eu pudesse passar essa informação a ela?
Muito prazer e muito obrigada.
Olá!
O meu nome é Telma.
Sou a Come_Chocolates.
Também sou Advogada em Portugal.
Vou tentar responder à sua pergunta:
em Portugal, durante muitos, muitos, muitos, muitos....anos. As coisas foram como lhe contou a sua avó. As mulheres que engravidavam fora do casamento (e existiam imensas), não tinham grandes opções, ou se casavam à pressa, se o pai da criança assim quisesse. Ou, não se casavam...e sofriam a maior das vergonhas e das humilhações: ter um filho sem pai. Era isso que constava na certidão de nascimento da criança "filho de pai incógnito". Foi essa a razão que levou a sua avó a sair daqui.
Já a minha avó, mãe da minha mãe, passou essa vergonha. O pai da minha mãe, que não é o meu AVÔ, não quis "dar o nome à criança" como se dizia. Nem quis casar com a minha avó. Toda a gente na aldeia sabia quem era o pai. Incluindo os avós da minha mãe, que quando ela nasceu a trataram como neta. Mas não o seu pai. A minha mãe sofreu essa dor. E a minha avó essa vergonha. Quando a minha mãe era pequena (quatro anos) a minha avó casou com o meu AVÔ.
Curiosamente o meu AVÔ era filho de um "brasileiro". Um Português "voltado" do Brasil. Foi esse homem quem, depois, deu o seu nome à minha mãe. Deixando ela de ser filha de "pai incógnito". Não preciso de dizer o que isto tem de brutal.
As coisas mudaram com a revolução de 1974. Mulheres e homens passaram a ser iguais perante a LEI. E as crianças deixaram de ser filhos de "pai incógnito". Não podem existir. A Lei não permite. Quando a criança nasce, agora até já se faz nos hospitais, à criança é dado o nome de seu pai e de sua mãe. Existem situações onde não se sabe quem é o pai. Por vezes porque, tal como antigamente, não quer assumir a paternidade, outras vezes,(sei que parece incrível mas é verdade) a própria mãe não sabe quem é o pai. Nesses casos, imediatamente, o Ministério Público (que vai agir em nome e no interesse do menor- da criança) abrirá um Processo Judicial, para "descobrir" quem será o pai.
A mãe poderá, e deverá, indicar o "presumível" pai, e este será "obrigado" a submeter-se a um teste de ADN.
Digo "obrigado", porque por vezes existem alguns que arranjam subterfúgios e habilidades...mas a verdade é que a vontade do Tribunal prevalece.
Se o presumível pai se recusar ao teste, os Juízes tendem a considerar...que é o pai!!!senão não se recusaria, certo?
Nos outros casos é um processo meramente "declarativo", ou seja o ESTADO nada tem que ver com a vida das pessoas, não é um processo judicial, apenas e só administrativo.
As pessoas "declaram" quem são os pais, e por aqui se fica.
Imagine que a pessoa que a mãe declarou como pai, não é o pai. Nesses casos o homem dispõe do prazo de um ano para impugnar a paternidade.
Espero ter ajudado.
Abraços deste lado do Oceano para a sua avó.
A dor da minha sempre foi muito grande, por ter sido abandonada, deixada, e ter a "prova viva da sua vergonha".
Tal como a revolta da minha mãe, que nunca chamou "pai" ao seu pai. Nem chorou no seu funeral...
Olá,
concordo que o egoísmo não é uma questão de gênero, mas ainda ficamos mais bestificadas quando ele parte de mães. É caso para se pensar.
beijos, Graziela
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